Acredito que se eu disser pra vocês que amo música,
eu não esteja sozinha nessa, certo? A música normalmente rege nossos melhores e
piores momentos, nos inspira, apaixona, traz tranquilidade e alegria. Todos
temos aquela canção que mexe com o coração, que emociona e é trilha sonora de
um dia especial. Seja qual for o gênero, o ritmo ou sua batida preferida, tenho
certeza de que você já pensou em algumas músicas favoritas só ao ler esse
parágrafo ;)
Ainda bem que tenho a sorte de estar rodeada por ela no meu dia a dia, pois
além de meus fones de ouvido estarem sempre trabalhando arduamente, vivo em meio
a queridos e talentosos músicos que enchem minha vida de alegria! Quando se
vive rodeada por eles, é impossível não se encantar por tanta dedicação e
muitas vezes é preciso aprender a lidar com essa vida maluca que eles levam
(quem tem músico em casa, sabe do que eu tô falando) pra poder curtir essa vibe
junto deles.
Aproveitei essa semana pra conversar um pouco com
alguns desses queridos e tentar entender um pouco mais sobre esse amor todo
pela música e em como isso influencia a vida e os relacionamentos de cada um. As
respostas tão lindas e, de quebra, cheias de dicas ótimas pra gente renovar a
santa playlist de cada dia. Os entrevistados da vez são Guto Ginjo
(guitarra/voz na banda Fevereiro da Silva – Joinville), Lucas Machado (bateria
na banda Fevereiro da Silva – Joinville) e Rafael Zimath (guitarra/voz nas
bandas Alva e Somaa – Joinville). Dá uma olhada no que eles disseram abaixo ;)
Guto: Comecei a me sentir atraído por música desde muito cedo, meio
que naturalmente. Sendo assim, a música faz parte da minha vida há muito tempo
e fica bem impossível de dizer o que seria da minha vida sem ela. A música está
presente em todos os meus dias. Eu acordo com música na cabeça, dirijo sempre
com o rádio ligado, escuto música em casa, no trabalho e etc. Sempre! Em
resumo, posso dizer que a música é minha companheira para todas as horas.
Lucas: Buscar um significado é bem difícil pra mim, mas posso dizer que
condiciono minha vida à ela, incondicionalmente!
Rafael: A música é a companheira
da minha alma desde que eu nasci (ou talvez até mesmo antes disso). Não viveria
sem e não poderia ser quem eu sou sem ela.
Como a música influencia seu dia a dia e seu modo de
ver a vida?
Guto: Música é estado de
espírito. Existe uma trilha sonora para cada momento que você passa na vida. E,
dependendo do que você está passando/sentindo, ela pode te influenciar de
várias formas. A música tem este poder. Pessoalmente, a música, os estilos que
gosto e todo o resto, estão muito presentes no meu jeito de ser. Ela influencia
toalmente a minha vida, o que eu penso dela e como vou vive-la.
Lucas: Ela não sai da minha
cabeça, agora mesmo ela tá aqui dentro de mim falando “vai meu irmão, pega esse avião. Você tem razão de correr assim...”. Vejo a
vida trilhada por ela, hora feliz, hora triste, grossa, romântica... Isso me
faz escutar em minha cabeça agora aquela música que diz “a trilha sonora da
vida que eu trilho..”.
Rafael:
Para todos os momentos, sempre há uma trilha
sonora para embalar os meus dias. Desde que acordo, antes mesmo de lavar o
rosto, eu já ligo o som e fico fazendo dancinhas ridículas enquanto escovo os
dentes ou fazendo solos de “air guitar” enquanto estou no banho. Então, em
casa, no carro, no trabalho e à noite ela sempre está comigo tornando tudo mais
agradável, intenso e completo. Meu humor está geralmente em dia por causa da
amiga música. A minha perspectiva sobre a vida é brutalmente influenciada pela
música, seja em relação à “se manter em dia com a minha alma” e buscar as
coisas que são importantes para que você seja feliz, seja transformando
frustrações e cicatrizes em coisas positivas para se lembrar e sobre os quais
cantar (e que, com sorte, tocarão alguém). Além disso, no plano filosófico, há
uma série de ideias que o rock, e mais precisamente o punkrock/hardcore,
trouxeram até a mim que ajudaram a construir o meu pensamento (coisas estas que
não ensinam nas melhores escolas do país). Ter alguma criticidade e liberalismo
em relação à padrões de comportamento e convenções sociais.
Como ser
músico afeta seus relacionamentos?
Guto: Ser músico é um compromisso. Reservo uma boa parte do meu tempo
para a música. As pessoas que estão em minha volta e que compreendem a minha
paixão por música, sempre me apoiaram para que eu continuasse assim. Eu também
consigo conciliar bem as coisas. Não deixo de lado o que é importante para mim.
Assim, consigo dedicar um tempo para tudo do que gosto. Meus amigos, minha
família, minha namorada, minha leitura e minha música.
Lucas: Muitas de minhas amizades
eu tenho através dela, e é onde eu tenho plena satisfação por estar cercado de
amigos que cantam, tocam e se emocionam pelas mesmas melodias, harmonias e
letras que eu. Já meus relacionamento amorosos por vezes ganham trilha ou
trilham através dela.
Rafael:
Passo menos tempo do que gostaria com a minha namorada, família e amigos porque
ser músico exige muita dedicação, muito tempo mesmo. Talvez tudo fosse melhor
se ao invés de tocar em uma banda eu não quisesse ser compositor, produtor,
organizador de eventos, dono de gravadora, etc. Mas ao mesmo tempo há certas
habilidades ou “portas” da minha percepção do ser humano e do “outro” que sei
que foram formadas ou tiveram grande contribuição da minha atividade e alma
artística.
Qual a
principal qualidade e o principal defeito de um músico?
Guto: Eu acredito que a principal qualidade de um músico seja o espírito
livre. Livre de qualquer regra que reprima a criatividade. Música é Arte e para
ser Artista é preciso ser livre. Nem todos conseguem isto. Por isto, é a principal
qualidade que um músico pode oferecer. Já o principal defeito é muito comum
entre os músicos e envolve o ego. Ser arrogante, "se achar", excesso
de autoestima, ser egoísta, fazem parte dos defeitos que um músico pode
apresentar.
Lucas: Acredito que a grande
qualidade de um músico é o de ter a responsabilidade de saber que suas músicas
podem influenciar pessoas. E isso é uma grande responsabilidade. O principal
defeito é ignorar este importante papel.
Rafael:
Generalizações são sempre complicadas, mas aqui vai: o principal defeito talvez
seja a dificuldade em lidar com críticas e contribuições. O músico trabalha
muito com o ego, com o “eu” e tende a supervalorizar seus atributos. A
principal qualidade talvez seja a sensibilidade, a capacidade de criação e
comunicação.
Fale
um pouco sobre suas influencias musicais.
Guto: Quando tinha meus 10 anos, ganhei uma fita do Raul Seixas da minha mãe. Aquilo abriu
minha cabeça para muitas coisas. Fiquei durante muito tempo viciado em Raul.
Porém, eu queria mais, e comecei a pesquisar as influências dele. Isto me
levou a nomes como Elvis Presley, Beatles, Rolling Stones e etc. Na música, uma
coisa leva a outra, uma influência leva a outras tantas. E assim fui construindo
e desenvolvendo um gosto musical. Sempre com base no rock. Com o tempo, a gente
vai amadurecendo e isto é muito bom. Assim, comecei a abrir a cabeça ainda mais
para muitas outras coisas. E ai você começa a ser influenciado por amigos, por
livros, por cinema e tudo vai se desenvolvendo ainda mais. Atualmente tenho a
mente bem mais aberta para estilos do que quando era adolescente. Ter esta
mente aberta ajuda muito como músico. Acredito que isto ajuda em muitos fatores
na hora de compor ou de tocar. Mas é claro que apesar disto, continuo gostando
de Rock, onde tudo começou. Led Zeppelin, Beatles, The Animals, Rolling
Stones, Queen, Foo Fighters, Mutantes, Raul Seixas, Queens Of Stone Age, Pear
Jam e etc.
Nos últimos anos, em função
da banda em que toco, comecei a conhecer muitas bandas independentes do Brasil.
E isto me influenciou muito. É impressionante a qualidade que estas bandas
apresentam e o quanto o nosso país pode oferecer neste sentido. São elas: Banda
Gentileza, Nevilton, Skrotes, Apanhador Só, Narciso Nada, Mombojó, Móveis
Coloniais de Acajú, Nação Zumbi, Mundo Livre S/A e tantas outras. Além
disto, sou obrigado a citar as inúmeras bandas de Joinville que fazem/fizeram
um trabalho de primeira como Somaa, Alva, Butt Spencer, Miopia, Os Depira,
Reino Fungi, Ursulla, Bela Infanta.
Lucas: Cresci batucando em lata.
No verão o ritmo era de escola de samba, no inverno de marcha de sete de
setembro. Adolesci ouvindo metal e hardcore, em todas as estações do ano, foi
quando comecei a acompanhar bandas de garagem. E amadureci ouvindo de tudo um
pouco, sem preconceito e sem compromisso, apenas pelo prazer de ouvir música
boa.
Rafael:
Eu sempre gostei muito de música e de coisas diferentes (e consequentemente de
“escolas” opostas). De trashmetal à hardcore, de soul/pop à punkrock, de bossa
nova e jazz à grunge, etc. Nunca me interessei muito por gêneros e sim por
artistas interessantes. Algumas das minhas bandas e artistas favoritos são
Black Flag, Fugazi, Tom Jobim, The Clash, Metallica, Stevie Wonder, Bob Marley,
Miles Davis, Beatles, Jawbox, Nirvana, Mike Patton, Aimee Mann, Los Hermanos,
Paralamas, TDV, The Power of the Bira, Afghan Whigs, Pavement, Rival Schools,
Ramones, Death Cab For Cutie, Bad Religion, Dag Nasty, QOTSA, Garage Fuzz,
Faraquet, James Brown, Noção de Nada, Fiona Apple, R.E.M., RDP, Helmet, Sonic
Youth, Shiner, AC/DC, Marvin Gaye, Led Zeppelin, Pixies, Alice In Chains,
Soundgarden, RFTC, Stray Cats, Smiths, Pantera, Bad Brains, Descendents,
Dismemberment Plan, Beach Boys, Hot Water Music, Burning Airlines entre
milhares de outras coisas que eu vou lembrar depois e vou me sentir arrependido
de não ter falado.
Lindeza
né, gente? Acho
que deu pra compreender um pouco o que se passa na cabeça dos músicos e
entender porque a música feita com amor é muito melhor ;) Se você quiser saber
mais sobre as bandas e os trabalhos dos meninos, basta clicar nos
links abaixo:
Alva - Fanpage
Eu já tô aqui fuçando tudo :D
Beijos
Até me emocionei!
ResponderExcluirA vida não tem sentido sem música <3
não mesmo :))
ExcluirPost LINDO minha amada ♥
ResponderExcluirounn
Excluirobrigadaaa!
o mérito é todo dos meninos!
:D